Desde que me lembro, para mim o Natal sempre foi a época do ano com mais magia.
Gosto imenso do Verão, das roupas, dos dias longos, da piscina, da praia, da vontade e disponibilidade para programas ao ar livre... mas, quase, logo a seguir ao Verão vive-se todo um mundo fantástico de luzes, cor, frio, agasalhos bem quentinhos, personagens que nos transportam para a infância.
Muitos de nós associam o Natal ao consumismo, à loucura das compras, ao comprar por comprar, o que muitas vezes não deixa de ser verdade. Eu associo o Natal, e apesar de os presentes lá estarem, à família, ao jantar, às filhoses da minha mãe, a uma casa aquecida pela lareira, à boa disposição, ao sorriso de todos os que estão comigo, especialmente, e desde que sou mãe, ao da Francisca.
A Francisca acredita no Pai Natal, eu nunca acreditei. Sabia que os presentes chegavam até mim pelos meus pais, tios, avós, sabia que ninguém iria descer numa chaminé apertada e escurecida pelo fumo, para me deixar presentes. Não adiantava deixar um copo de leite acompanhado por um pratinho de biscoitos, porque ninguém de barbas brancas se ia alimentar dos mesmos.
Mas o pinguim cá de casa acredita e eu deixo que acredite e que alimente esta personagem que mais dia menos dia vai desaparecer da sua história.
O Pai Natal só entrou na noite de Natal da Francisca no seu segundo Natal. O primeiro foi passado dentro da sua alcofa, tinha apenas dois meses, não estaria nem aí para o Pai Natal, no segundo o senhor de barbas brancas apareceu e ainda hoje recordo as lágrimas desta miúda.
Esquecemos o Pai Natal, apenas acenamos, ao longe, no Shopping, na rua, para que a Francisca se certifique que existe 😊
Ao longo do ano, com mais repetição perto do Natal, vou relembrando que o Pai Natal existe, que vê tudo o que as meninas e os meninos fazem, que só quem se porta bem tem direito a presentes... aquela conversa do costume. Mas hoje de manhã tivemos uma birra gigante, porque a Francisca se lembrou de achar que tinha que receber um Nenuco antes do Natal.
Um Nenuco que já tinha pedido pelo seu aniversário, não recebeu porque não encontrei e ficou prometido para o Natal.
No passado fim-de-semana, aproveitando a campanha do Continente, trouxe o Nenuco para casa. Embrulhado em várias Popotas e escondido num armário cá de casa, a Francisca nem sabe, nem sonha que ambos já partilham o mesmo lar.
Hoje de manhã a minha vontade foi agarrar na caixa, escondida, e "toma lá que já não te posso ouvir", mas não cedi. Sim, eu sei que não devemos fazer as vontades todas, que não pode ser sempre como querem, mas entre ir ao armário buscar uma simples caixa com o dito Nenuco e ouvir uma miúda, lavada em lágrimas, a não querer enfiar as calças, o gancho no cabelo, o creme na cara... mães que me estão a ler, estão comigo, não estão? Era tudo bem mais fácil se já estivesse com o seu boneco aconchegado nos seus mini braços.